Tratamento
Cirurgia
Quando diagnosticado precocemente o melanoma pode curar-se em mais de 90% dos casos, apenas com cirurgia, removendo o tumor primitivo na sua totalidade, com uma margem de segurança adequada. Às vezes há necessidade de retirar os gânglios regionais (linfadenectomia) e nesse caso a recuperação é um pouco mais lenta e pode deixar algumas sequelas, como por exemplo linfedema.
Quando a cirurgia é efetuada nas fases iniciais da doença (I, IIA) não existem sequelas significativas e podemos afirmar com alguma segurança que poderão estar curados. Nos doentes com melanoma de alto risco e/ ou avançado a cirurgia é usada em combinação com as opções de tratamento sistémico.
No que diz respeito ao melanoma de alto risco (Estádios IIB, IIC, III) e avançado (IV) o número de sobreviventes é menor, mas tem melhorado muito nos últimos anos graças às novas terapêuticas: imunoterapia com inibidores de “chek point “e terapêuticas dirigidas anti BRAF/MEK nos doentes portadores de mutação BRAF.
Radioterapia
É uma modalidade de tratamento anti- cancro local que utiliza raios x de alta energia ou outras partículas para destruir as células tumorais.
O sucesso da terapêutica depende da radio sensibilidade do tumor.
Em melanoma a RT poderá usar-se em 1ª linha nos doentes em que a cirurgia é de alto risco ou não foi possível, por recusa do doente ou outro motivo e no tratamento adjuvante após cirurgia quando há doença ganglionar regional residual ou ativa. Na doença avançada pode ser usada, associada à imunoterapia com iinibidores de check point por exemplo na metastização cerebral. A RT tem ainda um papel importante no tratamento paliativo do melanoma avançado em doentes com massas tumorais volumosas dolorosas e sangrantes, pois tem um efeito antiálgico e hemostático, que pode controlar os sintomas e contribuir para a melhoria da qualidade de vida destes doentes.
Quimioterapia Antineoplástica
É outra opção de terapêutica sistémica que utiliza fármacos que procuram travar o crescimento das células neoplásicas, destruindo-as ou impedindo a sua divisão. Durante muitos anos utilizou-se a dacarbazina um medicamento (antimetabólito) administrado por via intravenosa que apresentava uma taxa de resposta que não ultrapassava os 15-20% e que nunca demonstrou um aumento de sobrevivência global. A temozolamida outro antimetabolito com um mecanismo de ação semelhante à dacarbazina, mas administrado via oral também foi utilizada no tratamento do melanoma avançado, mas sem grande sucesso.
Com o advento das novas terapêuticas – imunoterapia e terapêuticas dirigidas anti-BRAF – a quimioterapia antineoplásica foi destronada e apenas se utiliza em 2ª linha na doença avançada ou metastizada.
Imunoterapia e Terapêuticas dirigidas anti-BRAF
Desde 2011 têm surgido novos fármacos, com diferentes mecanismos de ação, que revolucionaram o tratamento do melanoma e demonstraram um aumento da sobrevivência em doentes 1º com melanoma metastizado (Estádio IV) e mais recentemente também em estádios mais precoces (Estádios II B, C e III). Foi o caso da imunoterapia (inibidores de checkpoint CTLA-4 e PD1) e das terapêuticas dirigidas para os doentes portadores de mutações no gene BRAF. Ao contrário da quimioterapia antineoplásica, a imunoterapia atua sobre o hospedeiro e não diretamente sobre o tumor, modulando as respostas imunológicas do organismo, de modo a que este consiga lutar de forma eficaz e duradoura contra o melanoma. O mecanismo de ação dos diferentes agentes imunológicos condiciona as respostas clínicas e os efeitos secundários de causa autoimune. Em regra, estes efeitos são controláveis, quando reconhecidos e tratados precocemente com corticoides.
A Imunoterapia e as terapêuticas alvo, agora utilizadas no tratamento do melanoma levaram a um aumento de sobrevivência global e a respostas duradouras, transformando muitas vezes uma doença agressiva em doença crónica com poucos sintomas. Atualmente os doentes com melanoma avançado (Estádio IV) wild-type são tratados com imunoterapia em combinação e/ou monoterapia e os doentes B-RAF +s podem receber inibidores de check point em monoterapia ou em combinação ou em alternativa inibidores BRAF+ inibidores MEK, na doença avançada B-RAF+. Mais recentemente estes tratamentos também foram aprovados. em adjuvância nos estádios IIB, IIC e IIIA, B, C., o que representou um avanço importante no tratamento dos doentes com melanoma de alto risco.